Houve uma vez, num país distante e fabuloso, o caso de um governante que foi acusado, à exaustão, de incompetência administrativa e, nalguns casos, a incompetência chegou mesmo a ser associada à práticas homicidas. Diziam que ele era o responsável por um aeroplano ter explodido após a aterrissagem, matando muitas pessoas. De concreto, pouco havia, já que o tempo mostrou que o problema era da empresa transportadora e de má conservação da aeronave (nas gangorras das fofocas, tudo surgiu, até mesmo o problema de ranhuras na pista do aeródromo).
Passados alguns meses, um outro governante passou ileso aos vários problemas administrativos do seu governar. E, olha, não eram poucos: polícia em gládio na rua, polícia que não consegue reprimir sequestrador, metrô que sufoca as pessoas em desumana aglomeração. Não houve problema pois ele era o escolhido dos arautos.
Agora, sem fábulas, aos fatos. Considero José Serra um excelente administrador, político honesto e uma pessoa que reúne condições de governar o Brasil. Tantas condições quantas as do atual Presidente, Lula. O que eu não consigo entender é a seleção (que não é a seleção natural) da cobertura midiática. Vocês imaginaram se o Lula fosse o governador de São Paulo e enfrentasse os mesmíssimos problemas de Serra:
- o metrô está pela hora da morte, com superlotação e esmagamento no horário de pico (ninguém falou de caos do metropolitano);
- a polícia civil com mais de mês de greve, em pau armado contra a polícia militar (o querido constitucionalista José Afonso da Silva criticou isto, como ex-secretário de estado da segurança);
- a maior corporação policial do país não sabe enfrentar situações de rendição de vítimas ao cárcere por um sequestrador (olhem a tragédia de Santo André).
Definitivamente, há uns trinta e dois pesos para cada medida.
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