quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

E a mala preta?

Hummmmm....que coisa esta mala preta da véspera de Goiás e São Paulo...como resolver o embrulho???

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Notícias dos últimos dias:
Crise mundial
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Que tal discutirmos as razões da crise e a forma de enfrentá-la?!

Desculpem, errei

Errei. Desde o começo da loucura do caso Dantas esbocei críticas. Jamais imaginei, porém, que a vilania chegaria a tão alto grau. O militar, trazido ao STF por Gilmar Mendes, recebia telefonemas constantes do comparsa de Dantas. Tudo provado nos autos do processo crime. Realmente, nem eu imaginava chegasse a tanto.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Prudência e rigor - extraído do Frederico

Caso Schoedl: Legítima defesa & Clamor público

A absolvição do promotor Thales Ferri Schoedl --por decisão unânime do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo-- sugere uma questão relevante a ser enfrentada pela mídia: a tese da legítima defesa que inocentou o promotor foi devidamente narrada pela imprensa? Foi assegurado ao acusado espaço suficiente para que ele expusesse os argumentos que convenceram o colégio de desembargadores?

Segundo informa o UOL, após cerca de três horas de julgamento, os 23 desembargadores concluíram que depois de ter sido perseguido por seis jovens, Schoedl atirou para se defender da agressão. Num longo depoimento que circulou meses atrás na internet, o promotor sustentou essa versão.

O pleno também considerou que o excesso de tiros, 12 no total, justifica-se porque vários deles foram de advertência para afastar o perigo.

"Houve uma distorção da imprensa, isso é revoltante", disse o desembargador Ivan Sartori. O desembargador Carlos Mathias Coltro citou o caso Escola Base para defender que houve pré-julgamento do réu na divulgação de informações sobre o crime.

Informação distribuída pela assessoria do criminalista Luiz Flávio Gomes avalia que mesmo em tese sendo possível, dificilmente o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça aceitarão recurso contra a decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que absolveu por unanimidade o promotor Thales Ferri Schoedl, acusado de ter atirado e matado Diego Mendes Modanez, no dia 30 de dezembro de 2004, em Bertioga.

“A terceira instância não discute decisões como essa do TJ-SP, que aceitou o argumento de legítima defesa da procuradoria”, afirma Luiz Flávio Gomes, jurista, professor e presidente da Rede de Ensino LFG.

Ainda segundo o UOL, o advogado Pedro Lazarini anunciou que irá entrar com recurso no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal) para anular o julgamento. Segundo o advogado, o julgamento não deveria ter sido realizado hoje porque o cargo do promotor é mantido apenas por uma liminar no STF.

Aparentemente, a decisão do TJ-SP reabrirá uma discussão sobre os procedimentos e controles no Ministério Público e no Judiciário e colocará a mídia novamente na berlinda.

Prudência. Antes de julgar, ver o que foi colhido

Extraí o material do observatório da imprensa:


CASO THALES SHOEDL
O relato do acusado e das testemunhas

Por José Paulo Lanyi em 2/10/2007

Desde o apagar das luzes de 2004, época em que o promotor Thales Ferri Shoedl matou um jovem e feriu um segundo, no condomínio Riviera de São Lourenço, em Bertioga (SP), grande parcela da mídia tem-se dedicado a apresentar os fatos relativos a esse caso com parcialidade, superficialidade, pré-julgamento, ausência de espírito crítico e sensacionalismo (ver "O linchamento do promotor",). Mais recomendável do que explorar a dor das famílias das vítimas (termo aqui usado e que se refere tão-somente a como são denominadas no processo criminal) e do acusado, como temos testemunhado por meio dos mais diversos veículos de comunicação, cumpriria, para melhor informar, mergulhar no processo criminal 118.836.0/0-00, que hoje compreende cerca de 1.500 páginas e cujos trechos ora publico com triste e alarmante exclusividade.

Este articulista optou por reproduzir na íntegra a redação que consta do processo, incluindo os raciocínios "truncados" e os erros de português cometidos durante a estenotipia.

Eis alguns excertos de depoimentos concedidos à Justiça. São relatos dos protagonistas e de testemunhas arroladas pela defesa e pela acusação. Prestemos atenção no que elas dizem. Todas estavam no local, naquela terrível madrugada de 30 de dezembro de 2004.

O acusado

"Interrogando: (...) Estacionei o carro e quando passamos pela rotatória havia uns seis garotos encostados num carro e, quando passamos, falaram: ‘nossa que gostosa’. Fizeram isso em voz alta de modo que eu escutasse, olhando para os quadris da minha namorada. Eu percebi que ela ficou muito constrangida e eu também me senti ofendido na minha auto-estima, mas continuamos andando. Ainda assim, acho que Felipe, se eu não me engano, olhando para os quadris dela de modo ostensivo dizia ‘gostosa mesmo’. Então eu disse a eles que a respeitassem, que era minha namorada e ainda disse: ‘vocês fazem isso porque estão em grupo’. Os demais que estavam encostados no carro se aproximaram e disseram: ‘O que é, nós não fizemos nada’ já caminhando na minha direção. Eu fui me movimentando para trás e minha namorada ficou muito assustada, dizia que não queria briga e eles vinham na minha direção. Mais à frente estava esse Felipe e acredito que Tiago [sic, refere-se a Diego, a vítima que morreu] e, percebendo que continuavam se aproximando de mim, eu disse que estava armado, que era Promotor. Eles não levaram isso a sério, diziam que eu não era de nada. Eles seguiam em minha direção e vendo que não paravam mais uma vez avisei que eu estava armado mais [sic] eles continuaram me xingando e avançando na minha direção então saquei a arma e disse que se dessem mais um passo, eu atirava e vendo que não se intimidaram, pelo contrário, faziam chacota, diziam: ‘verdade?’ e avançavam para minha direção, nesse momento, sem alternativa, atirei para o chão. Minha namorada estava apavorada e eu também tinha muito medo. Percebi que por uns instantes eles pararam, coloquei a arma no coldre, dei a mão para minha namorada e ela disse: ‘vamos embora’ (...) e, nessa hora, um deles disse: ‘vamos pegar ele, que é tiro de festim’ e vieram para cima de mim. Soltei da mão da minha namorada e corri, mas eles vieram em minha direção e gritavam: ‘vamos bater nele’ e eu já estava apavorado, e próximo de uma quadra de tênis, num poste, eles, acredito que Felipe e Tiago [sic] mais a frente que os outros, me encurralaram porque eu já estava me afastando deles, não tinha mais para onde recuar, então atirei para o chão, para ver se eles se afastavam. Nesse momento, consegui ir para o outro lado da rua, mas eles continuavam na minha direção. Felipe e Tiago [sic] sempre à frente do grupo gritavam que iam me matar, que iam pegar a minha arma e eu senti quando um deles, acredito que Tiago [sic], me agarrou pelo braço, machucou meu braço inclusive, para tentar tirar a minha arma. Eu me desvencilhei e tentei reagir, mas ele era muito grande, não tinha como lutar então, com a outra mão, peguei a arma e efetuei um disparo no chão e me desvencilhei da agressão, porque mesmo assim, depois do disparo, ele continuava, não se conteve. Pude ouvir quando disseram: ‘atira’. Depois do disparo vi que diminuiu a velocidade. Nesse momento eu corri quanto pude, mas o grupo continuava vindo na minha direção. O outro, o mais jovem, parece, acho que Felipe, mais à frente, vinha na minha direção então eu atirei no chão, mas mesmo assim, ele não se intimidou e continuou. Eu tentava atirar, mas estava muito nervoso porque ouvia as pessoas gritando: ‘atira’, e ele continuava investindo contra mim, até que, num determinado momento, diminuiu a velocidade e como o resto do grupo vinha pouco mais atrás, corri para fugir. Fugi e, quando consegui, liguei para o meu irmão."

A razão do porte de arma

Desembargador: Porque [sic] o senhor estava armado?

Interrogando: (...) Eu cheguei em casa e havia alguns amigos lá e eu achei por bem não deixar a arma em casa embora minha casa já tenha sido furtada algumas vezes e a arma ficava ali para segurança. Como iria encontrar minha namorada, mas acabei não indo ao local, fiquei na rua, não deixei no carro quando estacionei porque ali ocorrem muitos furtos, eu mesmo já tive carro furtado ali. Sei que ali é local perigoso inclusive um amigo meu se envolveu em ocorrência semelhante, foi agredido por um grupo de jovens que o agrediram, chutaram a cabeça dele e teve traumatismo. Sei que o local era perigoso".

A vítima

Felipe Siqueira Cunha de Souza, estudante, jogador de basquete amador, levou quatro tiros: dois no tórax, um na perna e outro no braço.

"Vítima: Eu ‘tava’ sentado na porta do carro do meu pai com Diego [Mendes Modanez, também jogador de basquete, a vítima que morreu] quando teve um burburinho de briga e eu me levantei, porque não ‘tava’ ouvindo direito porque o som do carro ‘tava’ na altura da minha cabeça e, quando vi, o Thales e uma moça, a namorada dele e ele discutindo com umas pessoas, uns três carros após o meu e puxando ela pelo braço. Eu me levantei e fui ver porque ali costuma ter brigas entre o pessoal do Indaiá e Riviera. Eu achei que podia sobrar pra gente ali e então chamei Diego porque eu pensei: vou lá pra acalmar a situação porque, de duas uma: ou o pessoal lincha esse cara ou ele vai sair e depois vai trazer uma galera e vai sobrar pra gente. Foi quando eu me destaquei e, de longe, eu dizia: ‘vai embora’ e ele dizia que mexeram com a namorada dele (...) e se virou pra mim, e, do nada, disse que eu tinha mexido com ela e disse: ‘vai se foder’ e a namorada dele puxava ele pelo braço e ele dava uns trancos pra trás e eu, com os braços pra baixo dizia pra ele: ‘vai embora, ninguém quer brigar’. (...) Foi quando ele apontou a arma e apontou pra mim. Eu parei e disse: ‘abaixa essa arma, por favor’, foi quando ele deu um tiro pro alto, pro lado assim, e alguém gritou que a arma era de brinquedo e nessa hora, ele ficou transtornado e deu tiro no chão e disse que não era não e eu dizia: ‘abaixa isso’ e ele apontava pra mim. Tentei ir pra cima dele porque me vi sem saída porque não tinha pra onde eu correr, e eu não ia me virar de costas pra ele e tomar uns tiros nas costas. Por sorte eu sobrevivi porque ele deu um tiro no meu peito e eu dei um baque pra trás e ele correu e eu tentei correr, mas ‘tava’ sentindo e ouvi Ricardo que disse pra mim parar porque eu ‘tava’ sangrando.

(...)

Desembargador: No depoimento, na delegacia consta que o senhor teria dado um ‘bote’, foi isso?

Vítima: Eu fui tentar alguma coisa por questão de sobrevivência. Eu ‘tava’ há [sic] três, quatro metros dele, ele já tinha dado dois tiros e eu não tinha pra onde me esconder, fugir e ele não ia embora. Eu ‘tava’ parado e ele não ‘tava’ se afastando. Eu não senti firmeza de que ele fosse embora tanto que falou e já colocou a arma na minha direção. Eu tentei mais [sic] nem cheguei perto porque ele já deu um tiro no meu peito, um no braço e um na perna. Depois do primeiro tiro começou a correr atrás, mas já comecei a tontear. Eu não caí, mas fiquei tonto até que ouvi a voz do Ricardo [jovem que o socorreu] longe de tão tonto que eu já ‘tava’.

(...)

Promotor: Ele [Thales] foi encurralado?

Vítima: Não porque ali é um descampado, não tem como encurralar.

(...)

Defensor: Excelência, a vítima disse que havia polícia no local e, porque [sic] não procurou a polícia no local e, porque [sic] não procurou a polícia em vez de tentar pegar a arma?

Vítima: Porque ele ‘tava’ apontando pra mim desde o começo e eu não parei porque não tinha pra onde ir e não ia virar de costas pra ele porque já tinha dado dois tiros e eu tinha certeza de que ia atirar em mim (...)

(...)

Defensor: Se ingeriu bebida alcoólica?

Vítima: Sim (...) Cerveja (...) Umas duas latinhas e mais um copo que um outro colega do basquete tinham me dado.

(N. do A.: laudos do IML concluem pela ausência de substâncias tóxicas- álcool incluído- na amostra de sangue de Diego e nas amostras de sangue e urina de Thales, Mariana e Felipe.)

(...)

Defensor: Depois do incidente inicial, caiu ferido?

Vítima: Depende, depois do primeiro tiro, a partir de onde?

Defensor: Do local da discussão.

Vítima: Do carro uns cem metros, no máximo. Se é de quando puxou a arma, uns vinte, não mais que isso, depende de onde."

A namorada do acusado

Mariana Ozores Bartoletti, estudante, é "testemunha comum", ou seja, da defesa e da acusação.

"Depoente: (...) Quando fomos embora, passamos para pegar o carro dele e passamos por esses jovens que falavam: ‘gostosa, nossa que gostosa’, até que esse Felipe passou a olhar bastante para meus quadris.

Desembargador: Como pode perceber que olhava para os quadris da senhora?

Depoente: É que, conforme a gente passou, ele olhou, nós não estávamos de costas pra ele ainda e o Thales não gostou e falou com ele que não precisava fazer aquilo, ‘para que provocar a gente’?

Desembargador: Como provocavam?

Depoente: Eles falavam alto pra nós ouvirmos e depois falavam pra o Thales que não ‘tavam’ falando nada com ele e o que mais se aproximou foi esse Felipe. Colocou uma latinha sobre o carro e veio pra cima do Thales. Vinha esse Felipe e o outro atrás dele e o Thales falou que não queria briga, mas eles queriam brigar. O Thales pediu, pelo amor de Deus para que eles parassem, disse que era Promotor, mas não adiantou. Então o Thales pediu pelo amor de Deus que eles parassem que ele estava armado, mas eles não paravam diziam que ele Promotor de balada, que a arma tinha bala de festim e o Thales pedia que parassem porque estava armado, disse: ‘pelo amor de Deus, eu estou armado’ e mostrou a arma para saberem que não era mentira, mas eles diziam que a arma era de brinquedo e se aproximavam. Então, Thales deu um tiro para chão. Nesse momento eles pararam então Thales me deu a mão e nós fomos indo embora quando começaram a gritar que a bala era de festim, pra ir para cima dele e nesse momento Thales correu, mas esse Felipe e o outro Diego alcançaram o Thales no posto e foram para acertar ele, mas ele se esquivava deles e então deu outro tiro pro alto e eles disseram que iam bater nele e Thales continuou, subiu no canteiro, passou pro outro lado e eles correndo atrás até que Diego pegou o Thales e sei que ele deu outro tiro, mas não pude ver no momento exato. Sei que o rapaz estava atingido e vi que Diego estava caído, mas não sei como foi isso. Eu, naquele momento entrei no prédio.

Desembargador: Onde a senhora estava hospedada?

Depoente: Não, entrei num prédio próximo e quando saí, muita gente me apontava a diziam: ‘é ela, é ela’, me sacudindo. Eu consegui sair dali e entrar na ambulância.

(...)

Promotor: De quando Thales foi até eles e puxou a arma, seria possível que tivesse ido embora?

Depoente: Não, eles queriam bater nele, tinha umas vinte pessoas e eles estavam muito nervosos, bravos.

(...)

Promotor: Quanto tempo durou entre Thales se dirigir às pessoas e disparar.

Depoente: Não sei bem, acho que uns quinze, dez minutos.

Promotor: Entre a abordagem de Thales e puxar a arma, quanto tempo demorou?

Depoente: Acho que uns cinco minutos.

(...)

Defensor: O início da abordagem feita ocorreu na praça ilustrada a folhas 270. Se pode confirmar esse croqui de folhas 270 verso como sendo o local do início da ocorrência?

Deponte: Sim, confirmo como início sim.

Defensor: Desse local, até onde o Dr. Thales efetuou o disparo, quantos metros há?

Depoente: Acho que uns cem metros, uns dois quarteirões.

(...)

Defensor: Quando o Dr. Thales deu o tiro para cima e para baixo os agressores poderiam parar?

Depoente: Sim inclusive muitas pessoas correram nesse momento e eles poderiam correr também, mas ficaram.

Defensor: E as pessoas correram esses dois quarteirões atrás dele?

Depoente: Sim."

Testemunhas de acusação

Pedro Franciscato Pasin (não há menção à sua profissão), passava férias na Riviera de São Lourenço:

"Não conhece o acusado e muito menos as vítimas. (...) Os dois rapazes que discutiam com o acusado cujo motivo o depoente não sabe dizer eram bem altos e mais fortes que o réu, e que os dois partiram pra cima do acusado que recuou, em seguida viu o acusado sacando de uma arma que estava dentro de uma capa e cuja capa estava na cintura (...) quando o acusado disparou dois tiros para o alto, como também disparou mais dois tiros no mínimo em direção ao chão. Em seguida a namorada do réu bastante nervosa disse ‘guarda essa porra ou merda’ se referindo a arma, e que foi atendida pelo réu que guardou a arma e a recolocou na cintura, saindo de mãos dadas com a namorada em direção aos carros (....), mas os dois rapazes foram atrás e um deles, inclusive tentava agarrar o acusado com as mãos, mas ele conseguia desviar (...) e finalmente o acusado ficou acuado meio frente a frente com os dois rapazes e o depoente percebeu que os rapazes iriam agredir o réu e até ‘linchá-lo’. Nesse momento novamente o acusado sacou da arma e efetuou outros disparos sendo que tem certeza de que um desses disparos atingiu a perna de um daqueles rapazes, sendo que tanto o que tomou tiro na perna como o outro caíram no chão... (...) O depoente acredita que a distância entre o local onde houve a primeira discussão entre os acusados e as vítimas e até o local onde os disparos que atingiram os ofendidos deve dar mais ou menos um quarteirão ou mais ou menos cem metros (...) Confirma que enquanto o acusado se afastava com a namorada depois de ter efetuado os primeiros disparos e as duas vítimas iam atrás a multidão que no local chegava a dizer ‘mata mata’ mesmo porque diziam que os tiros eram de espoleta e que a arma seria de brinquedo".

Ricardo Santos Pereira Lima, estudante:

"Depoente: Quando me virei, Felipe ‘tava’ discutindo, de forma exaltada. Me aproximei e nisso, Diego se aproximou, mais [sic] ainda um pouco distante, mas a discussão continuava. (...) Diego e o Felipe (...) foram em direção ao doutor e daí, ele saiu de costas, andando, e, de repente, sacou a arma e deu um tiro pro chão e daí os dois continuaram indo pra cima dele e ele continuou se afastando, até perto de uma placa, mais pra trás dele e contornou, tipo atravessou a rua. Quando deu o primeiro tiro, no chão, eu me afastei pro canteiro central e, quando ele cruzou pro outro lado, pra outra calçada contrária, eu fui na calçada e os dois continuaram atrás dele. (...) E ele disparou na direção dos rapazes e quando olhei, vi Felipe indo na direção oposta, ferido então eu deitei ele no chão e gritei polícia. (...) Diego não sei, não vi".

Rodrigo Fidelis, estudante, amigo de conhecidos das vítimas:

"O Thales veio com a namorada dele, (...) passou pela gente e, não me recordo qual dos dois, das vítimas, olhou pra eles e então o Thales disse: ‘O que é que você tá olhando pra minha namorada?’ (...) O Thales e ele começaram a discutir. (...) Quando a gente ‘tava’ quase chegando perto, o Thales tirou a arma e daí, começaram a falar e ele deu um tiro pra baixo e eles continuaram a discutir. (...) Mesmo com o tiro de advertência, não tiveram medo da arma. (...) Eles continuaram então o Thales deu um tiro, e o pessoal continuou. Depois do tiro o Thales deu uns passos pra trás, eles continuaram e daí ele deu um tiro na direção deles, e nessa hora eu me abaixei e depois, eles começaram a ir pra cima dele. Eu fiquei abaixado e o Thales começou a correr, ele corria e atirava em direção deles.

(...)

Promotor: Havia pessoas que incentivavam a briga?

Depoente: Sim, gritavam: ‘isso, vamos pegar ele’.

(...)

Defensor: Se pode informar com qual distância o doutor Thales fugiu?

Depoente: Uns trinta metros assim.

Defensor: E eles corriam atrás?

Depoente: Sim, vieram pra cima dele, o que pegou o tiro ficou pra trás. No começo o Thales andava e eles vinham andando".

Marcelo José Guimarães Garcia, estudante:

"Depoente: Eu ‘tava’ chegando na rotatória e vi Thales com a namorada, ele ‘tava’ puxando ela, na direção contrária minha. Ele ‘tava’ saindo de lá e nisso, tinha dois rapazes meio vindo atrás, chamando ele.

Desembargador: Um chamar para voltar?

Depoimento: "Não, vem de desafiando: ‘volta aqui’. (...) [Thales] não ‘tava’ correndo, mais [sic] tipo andando rápido e nisso, tirou a arma e deu um tiro pro chão ou pro alto, não sei dizer e a namorada solicitava pra ele guardar a arma e ele guardou e um pessoal começou a gritar que a arma era de brinquedo e os dois começaram a ‘vim’ em cima e ele meio saindo de lado inclusive, deu a uma volta no poste e foi embora e depois, veio muita gente que não consegui ver direito, só ouvi os tiros.

(...)

Promotor: Disse que os rapazes se aproximaram e chamaram, desafiando?

Depoente: Não sei dizer, acredito que sim: ‘volta aqui’, desse jeito.

Promotor: Estavam xingando ele, ele xingava alguém?

Depoente: Eu não lembro nele falando nada, lembro os rapazes chamando.

(...)

Promotor: Contaram se alguém tentou pegar a arma dele?

Depoente: Se tentaram não sei. Eu sei que ‘tavam’ atrás dele pra fazer o que, não sei".

Orivaldo Pinho de Souza Junior, segurança do condomínio:

"...Ouviu dois estampidos, mas achou que era barulho de moto; alguns minutos depois começou uma correria geral, tendo o depoente visto uma das vítimas cambaleando no canteiro central e o réu correndo com uma arma na mão, fugindo da outra vítima e de outros rapazes; que então esta vítima passou próximo ao depoente correndo atrás do réu, que por sua vez estava correndo e guardando a arma de fogo, que então a vítima conseguiu se aproximar do réu, tendo este sacado novamente a arma e efetuado dois ou três disparos; que os disparos o réu deu quando a vítima já estava bem próxima, não sabendo o depoente dizer se a vítima chegou a agarrar o réu; que o réu deu os disparos de costas não sabendo o depoente dizer se olhava ou não para a vítima, que então o réu saiu correndo, se evadindo (...); que chegou a ouvir os jovens xingando o réu com palavras de baixo calão e dizendo que a arma era de brinquedo".

Elaine de Andrade, proprietária de um trailer que funcionava no local:

"(...) Estava em um orelhão chamando um táxi, quando ouviu uma discussão que acontecia atrás da depoente, ouvindo alguém dizer ‘não se aproxima senão eu atiro’; que assim que a depoente se virou para ver o que ocorria ouviu um tiro, e viu um casal próximo da depoente e três rapazes a aproximadamente 50 ou 100 metros distante do casal, que então ouviu os rapazes dizendo ‘é de brinquedo porque não atingiu ninguém’, tendo os três rapazes ido para cima do réu e da namorada enquanto esses se afastavam, que a depoente então foi chamar os seguranças quando então ouviu um monte de tiros"."

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sobre o Paul Krugman, no original, a página do próprio, defendendo que Obama aprenda com o New Deal (recursos públicos para a ativação da economia)

Op-Ed Columnist

Franklin Delano Obama?

Published: November 10, 2008

Suddenly, everything old is New Deal again. Reagan is out; F.D.R. is in. Still, how much guidance does the Roosevelt era really offer for today’s world?

Readers' Comments

"It's time for "sustainable capitalism," where the bottom line balances financial success and a long term view of ... a just society's needs. "
Kent, Bozeman

The answer is, a lot. But Barack Obama should learn from F.D.R.’s failures as well as from his achievements: the truth is that the New Deal wasn’t as successful in the short run as it was in the long run. And the reason for F.D.R.’s limited short-run success, which almost undid his whole program, was the fact that his economic policies were too cautious.

About the New Deal’s long-run achievements: the institutions F.D.R. built have proved both durable and essential. Indeed, those institutions remain the bedrock of our nation’s economic stability. Imagine how much worse the financial crisis would be if the New Deal hadn’t insured most bank deposits. Imagine how insecure older Americans would feel right now if Republicans had managed to dismantle Social Security.

Can Mr. Obama achieve something comparable? Rahm Emanuel, Mr. Obama’s new chief of staff, has declared that “you don’t ever want a crisis to go to waste.” Progressives hope that the Obama administration, like the New Deal, will respond to the current economic and financial crisis by creating institutions, especially a universal health care system, that will change the shape of American society for generations to come.

But the new administration should try not to emulate a less successful aspect of the New Deal: its inadequate response to the Great Depression itself.

Now, there’s a whole intellectual industry, mainly operating out of right-wing think tanks, devoted to propagating the idea that F.D.R. actually made the Depression worse. So it’s important to know that most of what you hear along those lines is based on deliberate misrepresentation of the facts. The New Deal brought real relief to most Americans.

That said, F.D.R. did not, in fact, manage to engineer a full economic recovery during his first two terms. This failure is often cited as evidence against Keynesian economics, which says that increased public spending can get a stalled economy moving. But the definitive study of fiscal policy in the ’30s, by the M.I.T. economist E. Cary Brown, reached a very different conclusion: fiscal stimulus was unsuccessful “not because it does not work, but because it was not tried.”

This may seem hard to believe. The New Deal famously placed millions of Americans on the public payroll via the Works Progress Administration and the Civilian Conservation Corps. To this day we drive on W.P.A.-built roads and send our children to W.P.A.-built schools. Didn’t all these public works amount to a major fiscal stimulus?

Well, it wasn’t as major as you might think. The effects of federal public works spending were largely offset by other factors, notably a large tax increase, enacted by Herbert Hoover, whose full effects weren’t felt until his successor took office. Also, expansionary policy at the federal level was undercut by spending cuts and tax increases at the state and local level.

And F.D.R. wasn’t just reluctant to pursue an all-out fiscal expansion — he was eager to return to conservative budget principles. That eagerness almost destroyed his legacy. After winning a smashing election victory in 1936, the Roosevelt administration cut spending and raised taxes, precipitating an economic relapse that drove the unemployment rate back into double digits and led to a major defeat in the 1938 midterm elections.

What saved the economy, and the New Deal, was the enormous public works project known as World War II, which finally provided a fiscal stimulus adequate to the economy’s needs.

This history offers important lessons for the incoming administration.

The political lesson is that economic missteps can quickly undermine an electoral mandate. Democrats won big last week — but they won even bigger in 1936, only to see their gains evaporate after the recession of 1937-38. Americans don’t expect instant economic results from the incoming administration, but they do expect results, and Democrats’ euphoria will be short-lived if they don’t deliver an economic recovery.

The economic lesson is the importance of doing enough. F.D.R. thought he was being prudent by reining in his spending plans; in reality, he was taking big risks with the economy and with his legacy. My advice to the Obama people is to figure out how much help they think the economy needs, then add 50 percent. It’s much better, in a depressed economy, to err on the side of too much stimulus than on the side of too little.

In short, Mr. Obama’s chances of leading a new New Deal depend largely on whether his short-run economic plans are sufficiently bold. Progressives can only hope that he has the necessary audacity.

Acompanhe a seqüência de horrores - material extraído do Luiz Nassif

Do Estadão

Gravação isenta juiz de briga com STF

Felipe Recondo

A gravação integral das três horas de reunião da Polícia Federal após a Operação Satiagraha revela que o juiz Fausto Martin De Sanctis não quis afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) ao mandar prender pela segunda vez o banqueiro Daniel Dantas. Ao contrário, a decretação da prisão preventiva, tomada como um desrespeito pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, foi resultado de uma verdadeira operação de guerra montada por agentes da PF na tentativa de convencer De Sanctis de que havia provas suficientes contra Dantas. (...)


O vazador de informações

O deputado Raul Jungmann entregou hoje "oficialmente" (a expressão é do STF) a fita com o áudio da tal reunião do Protógenes ao Gilmar Mendes. Onde Jungmann conseguiu o áudio (juntado num processo sigiloso), se o requerimento nesse sentido, que não é dele, ainda depende de aprovação pela CPI?

Na TV Globo, em Brasília, há um evidente mal estar entre os repórteres, pelo fato de estarem comendo na mão de Jungmann. Como, em televisão, o repórter não tem muitas fontes - já que as fontes são acertadas pela produção, seguindo as pautas - vários deles estão procurando jornalistas isentos, que cobrem o setor, solicitando mais nomes para poderem consultar.

A mídia está quase se dando conta de que já virou o fio, que está se desmoralizando perante o público, que está criando o maior racha com a opinião pública na história contemporânea do jornalismo. Está quase se dando conta, mas ainda não caiu de todo a ficha de que o desgaste da Globo com as diretas, nos anos 80, é café pequeno, perto do que está ocorrendo nesse momento.

A manutenção de fontes abaixo de qualquer suspeita, como o deputado Raul Jungmann, apenas aprofundará esse fosso. Os repórteres estão tendo mais respeito pelas empresas do que as próprias chefias.

Hoje tem marmelada?

Da Folha Online

Defesa de Dantas pede novo depoimento de Protógenes e adia fim de processo

THIAGO FARIA

O advogado do banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, pediu nesta quarta-feira ao juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, o acesso à gravação da reunião na superintendência da Polícia Federal, que decidiu pelo afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha.

O pedido da defesa de Dantas adiou, assim, o fim do processo contra o banqueiro na 6ª Vara Criminal, que poderia acontecer hoje com a entrega das alegações finais por parte dos acusados.

Para Machado, o conteúdo da reunião influencia diretamente no desenrolar do processo contra seu cliente, acusado de corrupção.

Comentário

É até monótono, de tão previsível. Alguém ligado a Dantas vaza o áudio - no caso, Raul Jungmann. Veja, militante, e Globo, diletante, repercurtem. Com interpretações incorretas sobre o conteúdo para "esquentá-lo". E os advogados de Daniel Dantas se valem das matérias para postergar a sentença.

Surpresa: ninguém percebeu nada! Só a blogosfera inteira, mais as torcidas do Flamengo e do Corinthians.

Comentário 2

Foi barriga da Folha. Não houve adiamento coisa nenhum, segundo acabo de ser informado. Houve a audiência, os advogados entregaram as alegações finais, assim como o Ministério Público. O juiz De Santis tem, dez dias para dar a sentença. O que os advogados de Dantas fizeram foi um requerimento, solicitando esse novo interrogatório do Protógenes. O juiz poderá conceder ou não.



O Paulo que não era Lacerda

Do Globo no dia 15

Na conversa com seus chefes, o delegado deixa claro que o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, ex-dirigente da Polícia Federal e exchefe de Protógenes Queiroz, teve participação direta e ativa na condução do inquérito até a etapa final, a fase de prisões de suspeitos.

No dia das prisões, por exemplo, Lacerda trabalhou na sede paulista da Polícia Federal.

Ele orientou o delegado até em detalhes como não comparecer ao prédio da polícia na véspera das prisões, para evitar suspeitas e eventual vazamento de informações.

Um dos chefes de Protógenes Queiroz não escondia a surpresa. E indagou a respeito de uma informação divulgada pela revista “Veja” sobre a parceria de espionagem entre a Polícia Federal e a Abin: — Tinha agentes da Abin trabalhando conosco? — quis saber o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado.

Comentário

O jornal recebeu o material editado das mãos do deputado Raul Jungman.

O "Paulo" que aparece nas gravações não é Paulo Lacerda, mas Paulo de Tarso Teixeira, diretor de Combate a Crimes Financeiros da PF, com que Protógenes teve discussões muito duras, e a quem se negou a passar detalhes da Satiagraha por medo de ocorrer vazamentos.

O Globo soube ontem da barriga, mas optou pelo silêncio.

Com a íntegra da gravação, cai por terra a versão de que Protógenes teria admitido grampo no Supremo. Aguardam-se as devidas correções.

Por Raphael Nascimento

Nassif,

acabei de entrar na internet e não sei se alguém já citou o que vou falar.

Ontem escutei todos os 3 trechos divulgados no blog no Noblat. Na primeiro áudio, percebe-se claramente um corte no trecho entre 44:43 e 44:45. No terceiro áudio, dá pra ver também que houve corte no trecho entre 36:52 e 36:54.

Quem quiser é só conferir.

Concluindo, ainda não temos o áudio completo da reunião nem um mísero segundo do áudio do grampo no STF.

O Jungman está desempenhando um papel deplorável.





As bobagens do Correio nosso de cada dia

Depois de publicar o inflamado elogio de DEMOCRATA ao local, Rondon Pacheco, a coluna de Ivan Santos, Jornal O Correio, sai com mais uma de arrasa quarteirão. Entendam que não é implicância minha. O negócio é que Uberlândia tem mais de 600 mil habitantes, há um bom contingente de cabeças pensantes, uma faculdade de economia com mestrado e doutorado. Espera-se, com um mínimo de dignidade, que o Jornal de maior circulação faça jus ao espírito da cidade. Pois bem, ao comentar (comentar?) a crise econômica, o jornalista sugere, com base em PAUL KRUGMAN, que o Estado corte gastos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ordem às coisas:
1. Não tenho conhecimento de que Krugman, economista famoso, nobel, tenha sugerido tal coisa. Ao contrário, Krugman é notadamente um neokeynesiano. De onde teria saído a idéia de que Krugman sugere o corte de gastos??? É tão imbecil a informação (informação?) que parece infantil.
2. Em momentos de recessão, espera-se comportamente anticiclíco do Estado, ou seja, que ele gaste para evitar o despencar da atividade econômica.
SOCORRO!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Extraído da Carta Capital

O delegado federal Protógenes Queiroz virou uma celebridade. Afastado da Operação Satiagraha, o policial percorre o Brasil fazendo palestras sobre o combate à corrupção, enquanto se prepara para terminar um curso de especialização na Academia de Polícia, em Brasília. Apenas em outubro, Queiroz esteve em mais de dez fóruns de debate, em faculdades, assembléias legislativas e câmaras municipais, onde, invariavelmente, fala para audiências lotadas. O delegado é reconhecido nas ruas, é paparicado por cidadãos, mas paga um preço alto por ter batido de frente contra grupos poderosos da República.

Queiroz diz ser constantemente seguido, suspeita de estar permanentemente grampeado e alega receber ameaças de morte pelo telefone. Um filho pequeno está sob tratamento psicológico, porque acorda, no meio da noite, gritando pelo pai. Ele mesmo teve de se tratar para curar uma gagueira nervosa, resultado dos dias tensos, antes e depois da operação, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, em 8 de julho. Uma semana depois, Queiroz foi lançado no ostracismo pela atual direção da PF e tem poucas esperanças de poder voltar a fazer o que mais gosta, investigar corruptos. Ainda assim, crê na condenação de Dantas e na depuração da imprensa brasileira, uma instituição, segundo ele, contaminada pelo poder corruptor do banqueiro baiano. “Tudo tem um preço, mas não reclamo, é o meu trabalho”, diz.

CartaCapital: O senhor acha que, ao convocar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Operação Satiagraha, acabou fragilizando a investigação contra Daniel Dantas?
Protógenes Queiroz:
O ingresso dos agentes da Abin e oficiais de inteligência foi uma solicitação minha em razão de uma deficiência de pessoal na Operação Satiagraha, da própria Polícia Federal naquele momento. O comando central da PF, a todo o tempo, tentava destruir o trabalho, e não me deu suporte de recursos humanos, de pessoal.

CC: O senhor está se referindo ao diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando Corrêa?
PQ:
Não dá para identificar se era o Luiz Fernando ou o Daniel Lorenz (diretor de Inteligência da PF, a quem ele é subordinado), não sei de onde vinha o poder de obstrução. Eu solicitava, evidentemente, ao meu superior hierárquico, o diretor de Inteligência, e a coisa era difícil, amarrada. Num primeiro momento, eu entendi que era em razão de uma transição administrativa (saída do diretor-geral Paulo Lacerda, alçado à Abin, e a entrada de Corrêa), dentro de uma normalidade. Depois eu fui percebendo que não. Era uma situação orquestrada, para paralisar o trabalho, para que aquilo não desse certo.

CC: O senhor estava preparado para a missão?
PQ:
Eu tinha um grande volume de dados sobre o Daniel Dantas, desde quando estourou a Operação Chacal (de 2004), quando comecei a acompanhar o caso. Então, eu já tinha estudado o Grupo Opportunity e o Daniel Dantas, três anos antes. Eu sabia do poder do Dantas, da capilaridade que ele tinha nos órgãos federais. Então, perguntei ao doutor Paulo (Lacerda) se ele ficaria como diretor-geral da PF até o final do governo Lula. Ele quis saber o porquê, e eu disse que, se ele não fosse ficar, o caso iria parar. Ele me disse que tinha um compromisso do presidente Lula de que iria ficar como diretor-geral até o fim do governo dele. Então, me senti mais tranqüilo, senão, eu não aceitaria. Sabia que iria enfrentar problemas com a eventual saída dele.

CC: Que problemas o senhor enfrentou?
PQ:
Quando o doutor Paulo saiu (em agosto de 2007), repentinamente, todos ficamos assustados. Passados 30 dias, começaram a surgir as dificuldades, e elas foram cada vez mais se agravando. Chegou a ponto de, em janeiro e fevereiro deste ano, eu ter apenas um policial para cumprir a análise de 1,3 mil ligações telefônicas e mais de 6 mil e-mails por dia. Então, como é que iria analisar o material? Aí eu resolvi, como parte do Sistema Brasileiro de Inteligência, ativar colegas da Abin.

CC: O senhor acha que o Paulo Lacerda saiu da PF por causa deste caso?
PQ:
Não sei, há um conjunto de coisas a serem analisadas. Sei que isso é um caso muito pesado. O Dantas conseguiu penetrar e levar muita gente para dentro do lodo financeiro que ele montou, de fraudes, praticamente desde o governo Fernando Henrique Cardoso até o do presidente Lula, inclusive alguns partidos políticos.

CC: O uso de servidores da Abin foi legal?
PQ:
Solicitei aos colegas ajuda com base no que a lei permite. E qual lei? Está aqui (pega uma pasta preta de couro, retira um papel e lê em voz alta): “Decreto 4.476, de 13 de setembro de 2002, que dispõe sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, instituído pela Lei 9.883, de 1999”. Então, tem um parágrafo aqui muito claro: “O Sistema Brasileiro é responsável pelo processo de obtenção e análise de dados, pela produção e difusão de conhecimento necessário ao processo decisório do Poder Executivo, em especial no tocante à segurança da sociedade”. Isso é coleta de dados que essas pessoas (os agentes) fazem na rua, por meio de máquina fotográfica, filmadora, ou até mesmo vigilância visual. Também coletas de dados em fontes abertas, coleta de dados para complemento de análise de outros dados. Eles podem fazer isso, a lei permite. Fazem parte do Sistema o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, a Polícia Rodoviária Federal e a Coordenação de Inteligência (atual DIP) da Polícia Federal. E eu sou integrante da DIP.

CC: O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI dos Grampos e ex-delegado da PF, bate na tecla de que Paulo Lacerda não pode voltar a dirigir a Abin (ele foi afastado sob a acusação de ter participado de um grampo ilegal no STF) também por ter cedido mais de 50 agentes ao senhor.
PQ:
Não trabalhei com 50 o tempo todo. Quem passou essa informação para a imprensa passou de forma deturpada. Foram 50? Bota os 50 na minha frente e pergunta se eles me conhecem. Vão falar que não, garanto. Eu fazia pedido por demandas. Por exemplo, eu queria uma vigilância em São Paulo, a Abin mandava quatro pessoas, e a cada 15 dias as equipes se revezavam. Eu até reclamava, porque a cada revezamento tinha que explicar novamente os detalhes da operação. Mas era uma rotina deles, eu estava recebendo a ajuda, não iria questionar. Então, não havia 50 funcionários trabalhando o tempo todo, diuturnamente.

CC: Quantos servidores da Abin participaram da Satiagraha?
PQ:
Eram dez, ao todo. Eu tinha dois em Brasília, quatro em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. E foi uma dificuldade, porque eles não atendiam a todas as demandas solicitadas, que eram muitas.

CC: O seu chefe direto na DIP, o delegado Daniel Lorenz, sabia sobre essa solicitação de pessoal junto à Abin?
PQ:
Sim, sabia. Na primeira semana em que dois colegas da Abin apareceram na PF, ele logo identificou um deles, com quem tinha feito um curso de antiterrorismo. Mesmo assim, ele me chamou e me criticou por ter colocado o agente dentro da minha sala, que ficava em frente à dele. Eu expliquei que eram pessoas que estavam me ajudando porque havia necessidade. Aí ele ficou um pouco preocupado, porque percebeu que eu estava suprindo aquela necessidade. Ele teria que ter me elogiado, porque eu estava superando um obstáculo. Passei a ficar mais atento.

CC: Não havia alvos demais na Satiagraha?
PQ:
Havia sentido em investigar todas aquelas pessoas. E em pedir as prisões. O Pitta (Celso, ex-prefeito de São Paulo), investigado em outros casos, acabou aparecendo também neste.

CC: Por que o senhor se preocupou, especificamente, em investigar a participação de gente da imprensa no esquema criminoso de Daniel Dantas?
PQ:
Eu sabia que, a partir da execução da Operação Satiagraha, viriam notícias para proteger o bandido. Por isso resolvi abrir um capítulo no meu relatório sobre o papel da mídia na investigação. Então, há vários jornalistas comprometidos com Daniel Dantas, de forma direta e indireta. Se eu não colocasse isso no papel, seria pior. Coloquei justamente para a própria imprensa ter a decência de discutir o processo sob o plano da ética e da moral. Hoje, a imprensa já encontrou o seu caminho. Alguns jornais passaram a discutir isso internamente, que eu sei, fui informado. O furo de reportagem é válido, mas nem sempre o timing da imprensa é o timing da polícia. Se puder conciliar as duas coisas, magnífico. Mas na maioria das vezes não é possível, e o prejuízo para a sociedade e para o País é muito grande.

CC: Havia mesmo uma espécie de “Sistema Dantas de Comunicação”, como apelidou o jornalista Paulo Henrique Amorim?
PQ:
Havia, sim, em quase todos os jornais e revistas daqui e até no exterior. Eu me espantei, fiquei assustado, porque era uma coisa que eu jamais poderia imaginar, que uma pessoa teria o poder de manipular a mídia do Brasil. Levei logo o assunto ao conhecimento do procurador (Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal de São Paulo) e ao juiz (Fausto De Sanctis, da Justiça Federal de São Paulo). Aquilo me causou uma repulsa muito grande e, no decorrer da investigação, isso foi se aprofundando a tal ponto que eu percebi que grandes veículos de comunicação estavam nas mãos do Dantas. Não as empresas todas, mas determinados jornalistas que fabricavam matérias para facilitar os negócios de Dantas, no presente e no futuro. Isso era uma coisa diária, a relação dele com esses jornalistas. Quando o interroguei, até disse a ele que ele seria mais feliz se comprasse um jornal ou uma rede de televisão, porque, como banqueiro, ele não é uma pessoa feliz.

CC: Nesse mesmo interrogatório, é procedente a informação de que Daniel Dantas ameaçou contar tudo o que sabia?
PQ:
É verdade, sim. Ele colocava isso em tom de ameaça, para que aquela declaração vazasse e as pessoas se amedrontassem, como se amedrontaram. Depois, na CPI, ele mentiu, disse que eu iria investigar o filho do Lula. Até porque o filho do presidente não aparece na investigação, e, mesmo que aparecesse, não falaria isso com ele.

CC: Caso não tivesse havido o vazamento pela Folha de S.Paulo, a Satiagraha teria sido deflagrada quando? PQ: Ainda estaria em andamento. Minha perspectiva era a de deflagrar a Satiagraha depois das eleições municipais de 2008. Ela seria muito mais rica, mais consistente e o País ganharia mais.

CC: Recentemente, o professor Hugo Chicaroni, acusado de tentar corromper um delegado da Satiagraha em nome de Dantas, mudou o depoimento na Justiça e disse ter sido procurado pelo senhor com um pedido de propina. O senhor chegou a procurá-lo?
PQ:
Nunca procurei o Chicaroni, isso foi Daniel Dantas que criou por meio da imprensa. No depoimento do Chicaroni, quando fui ouvido como testemunha, ele fez questão de dizer, na frente do juiz Fausto De Sanctis, que jamais tinha me procurado, que eu era um delegado honesto, acima de qualquer suspeita, que eu era incorruptível, e que por isso jamais me faria uma proposta dessas. Isto está nos autos. Ele prestou um depoimento na Polícia Federal nesse sentido, mas depois mudou o que disse judicialmente, porque foi cooptado. Mas o que ele fala na Justiça agora não se sustenta, contrapõe-se a todas as provas que temos de uma ação controlada (um delegado da PF aceitou ser subornado, com autorização do juiz, para flagrar os criminosos), por si só, uma prova irrefutável. A ação controlada foi uma maneira de reverter o prejuízo causado pelo vazamento da operação.

CC: O senhor tinha noção de que acabaria sendo afastado da investigação?
PQ:
Eu tinha consciência de que viria um poder avassalador contra mim e contra a minha equipe, contra as pessoas ligadas a mim. O meu afastamento já estava planejado, assim como está planejado o afastamento do juiz De Sanctis e do procurador De Grandis.

CC: O senhor ainda pode voltar a participar do inquérito?
PQ:
Isso é uma hipótese muito remota. O meu desejo é voltar para a Polícia Federal e voltar a investigar. Mas não sei se vou ter espaço para isso, porque tenho plena certeza de que, nesta atual administração da PF, isso será muito difícil de acontecer. Mas sou servidor público, tenho de voltar. Por enquanto, continuo lotado na Diretoria de Inteligência.

CC: Depois do vazamento na Folha de S.Paulo, o senhor escolheu o dia 8 de julho para deflagrar a Satiagraha por alguma razão específica?
PQ:
Deflagrei naquele momento porque a pressão dos advogados de Dantas era muito forte, eles impetraram habeas corpus, uns atrás dos outros. Colocaram séqüitos de advogados nos fóruns de São Paulo e de Brasília, além de muita gente do governo no circuito.

CC: O fato de o senhor ter interceptado uma ligação do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh para o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, trouxe-lhe algum constrangimento no governo?
PQ:
O que foi interceptado foi o telefone do bandido, mas, se o chefe de gabinete ligou para o bandido, a Polícia Federal não tem culpa. Como é que vou impedir um negócio desses? Se eu tentar impedir, vou estar praticando um crime.

CC: Qual o futuro da Operação Satiagraha?
PQ:
A operação, pelo que sei, segue num ritmo lento, com muita dificuldade operacional. Mas houve duas ações importantes que foram praticadas pelo Ministério Público Federal, os bloqueios de recursos do Dantas. Mas faço votos de que os colegas que hoje estão à frente da investigação a concluam o mais brevemente possível para dar uma satisfação à sociedade. O País vai exigir o resultado. E Daniel Dantas vai ser condenado, uma condenação pesada, porque conheço o doutor Fausto, conheço a capacidade técnica dele e o conhecimento que ele tem do caso. Sei que ele vai dar uma sentença à altura do que a sociedade está esperando.

CC: O que o senhor achou da tentativa de incluir a Satiagraha, o seu nome e o do delegado Paulo Lacerda nessa história do suposto grampo feito no STF?
PQ:
Foi uma situação prematura, onde se deu credibilidade a uma falsa notícia de uma revista comprometida com Daniel Dantas. A revista fabricou um escândalo envolvendo duas pessoas importantes da República, o presidente do Supremo Federal e um senador, Demóstenes Torres (DEM-GO). Mas o que mais me espantou foi o fato de essas duas figuras, Mendes e Torres, terem dado credibilidade a essa mentira, a uma reportagem montada. Cadê o áudio? Desde o primeiro momento eu perguntei isso. Até para um leigo foi possível perceber que aquilo ali era uma coisa inidônea. Ainda mais para dois profissionais do Direito (o senador Torres foi procurador-geral de Justiça de Goiás).

CC: O que o senhor acha da atuação do deputado Marcelo Itagiba na CPI dos Grampos?
PQ:
Olha, é uma CPI para investigar grampos clandestinos em nível nacional. Mas o foco da CPI agora é o caso Daniel Dantas. E o caso Daniel Dantas não teve interceptação clandestina. A Operação Satiagraha só teve interceptações autorizadas judicialmente. Ele tinha que chamar todo o grupo do Opportunity para a CPI, porque o Dantas está denunciado por grampo clandestino, por conta da Operação Chacal. Tinha que chamar também os diretores da Kroll para dar esclarecimento. Mas ele chama quem investigou o Dantas. Mas a sociedade percebe. Hoje, neste assunto, não tem analfabeto no País

domingo, 9 de novembro de 2008

Obamania

Devagar, devagar. A revolução Obamaniana precisa de mais precisas informações:

1. Quem cuidará do tesouro? Se for Paul Volcker, estamos fritos!

2. Iraque, Afeganistão? O que será?

3. Quem ditará a política externa para a América Latina? Continuarão os trogloditas refugiados cubanos de Miami?

democrataaaaahhhhhh

Domingo passado a coluna do jornalista Ivan Santos (que não é o Ivan, o terrível), Jornal o Correio de Uberlândia, aproximou-se do ridículo com a mais estapafúrdia opinião, jamais igualada, sobre democracia. Numa laudatória puxa-saco coluna, Ivan sustenta que o famoso Rondon Pacheco É UM DEMOCRATA!!! O feito democrático: na reunião do AI-5, 1969, Rondon teria se insurgido contra a decretação do Estado de sítio. Ah bom, que pendor democrático. É de democratas assim que precisamos. Gente que não aceita a decretação do Estado de Sítio. Bom, o resto do AI-5 é detalhe, já que o nosso ousado democrata estava voltado a outras questões. Aliás, é de se perguntar o que um democrata puro sangue fazia na reunião ministerial que discutia o AI-5, como integrante da cúpula ditatorial???? É de dar medo o que alguns escrevem (será que escrevem??).

África - de todos os fogos o fogo

Terça-feira, 4 de Novembro de 2008

Uma Explicação da África



A África é sempre um tema popular entre meus alunos, que com freqüência me pedem para indicar algum livro que possa servir como introdução ao estudo do continente. Tinha minhas obras de preferência, que recomendava segundo os assuntos favoritos dos estudantes – por exemplo, se queriam pesquisar sobre colonialismo ou conflitos étnicos. Com o lançamento de “A África Explicada aos meus Filhos”, de Alberto Costa e Silva, finalmente encontrei um livro que serve para todos os interessados.

Costa e Silva é um diplomata brasileiro aposentado que foi embaixador na Nigéria e serviu em diversas missões no continente. Certa vez o entrevistei numa Bienal e ele me narrou sua viagem através da África durante o auge da descolonização da região. Nos anos 1990 e 2000, Costa e Silva escreveu livros magistrais que o tornaram, sem qualquer exagero, um dos mais destacados especialistas mundiais sobre os temas africanos. Obras como “A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses”, os ensaios de “Um Rio Chamado Atlântico” e “Das Mãos do Oleiro”, suas memórias de juventude em “Invenção do Desenho” e a biografia do bem-sucedido traficante de escravos Francisco Félix de Souza, um baiano que se estabeleceu na África, pioneiro sombrio das transnacionais brasileiras.

O novo livro é parte de uma coleção da Editora Agir na qual profissionais renomados escrevem introduções aos temas dos quais são conhecedores. Entre os lançamentos, também me deram água na boca o de Bárbara Heliodora sobre teatro, e de Nei Lopes a respeito do racismo. São curtos, com cerca de 150 páginas, e narrados como conversas, com os autores respondendo às perguntas de um interlocutor imaginário.

Costa e Silva apresenta a África integrada às grandes correntes da história e da economia mundial, mostrando como desde a Antigüidade o continente se inseriu nas rotas comerciais dos negociantes muçulmanos, das caravanas que cruzavam o Saara. Mesmo antes de os portugueses contornarem o Cabo da Boa Esperança, no fim do século XV, os europeus já comerciavam em grande escala com os africanos, interessados principalmente no ouro que vinha dos impérios do Mali e de Gana.

Infelizmente, a descoberta e colonização das Américas acabou inserindo a África num perverso sistema de economia do Atlântico, e o resultado foi a escravização de mais de 10 milhões de seus cidadãos. Costa e Silva é um erudito das diversos sistemas escravistas que existiam na região e mostra como a integração no projeto dos impérios europeus revolucionou essas relações de dominação, despovoando áreas inteiras e eliminando diversos povos.

O caso mais impressionante é o do Reino do Congo, que chegou a negociar de igual para igual com o Portugal e ensaiou uma ambiciosa modernização, mas caiu numa armadilha mortal: para importar os produtos que os europeus ofereciam, seu único produto de exportação rentável eram escravos, o que transformou sua economia e sociedade em máquina de guerra e espoliação, inviabilizando a reforma.



Contudo, a tendência dos historiadores atuais têm sido a de ressaltar o quanto o colonialismo europeu na África foi, de fato, uma realidade bastante breve, de cerca de 50 ou 60 anos. Costa e Silva ressalta que até meados do século XIX, a presença européia estava limitada a poucas feitorias e fortalezas no litoral. O que mudou o quadro foram as pressões da revolução industrial por matérias-primas, as rivalidades imperialistas européias (acima, na visão bem-humorada de Eddie Lizzard) e as novas tecnologias militares, em especial rifles e metralhadoras.

Há pouco sobre a África pós-independência, o que é pena, porque valeria ler a versão impressa das palestras de Costa e Silva sobre os conflitos entre cidade e campo – basicamente, em como as elites urbanas africanas prejudicaram a economia impondo impostos altos ao setor agrícola, para tentar modernizar seus países (a tese clássica de Robert Bates). E como essas disputas se vinculam às rivalidades entre os grandes grupos étnicos.

Aliás, este sítio compartilha a alegria dos amigos da Casa de Luanda, que está entre os finalistas do prêmio da Deutsche Welle de melhor blog do mundo! É o único em língua portuguesa, distinção justíssima para o casal de jovens e brilhantes profissionais de desenvolvimento que tocam a Casa. Na torcida por eles!
3 comentários

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saiu no PHA

QUEM DISSE QUE O PRESIDENTE SÓ PODE SER PAULISTA?

O colunista do Jornal do Brasil, Mauro Santayana, acha que os políticos paulistas acreditam ainda em Roberto de Abreu Sodré, que foi governador de São Paulo. Sodré dizia que São Paulo era o Cabo Canaveral da política brasileira. Segundo Santayana, Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, também acredita nisso: “onde já se viu um Presidente da República de Minas? Minas não tem a Avenida Paulista, Minas não tem o Wall Street....”, ironiza Santayana.

Numa conversa telefônica com Paulo Henrique Amorim, Santayana lembra que, nas capitais, o único prefeito que não se reelegeu foi o de Manaus. Aécio Neves pegou um nome desconhecido, que na primeira pesquisa teve 6% dos votos, ficou em primeiro lugar no primeiro turno e ganhou pelos mesmos 60% a 40% do Kassab: “e os paulistas dizem que quem ganhou a eleição foi o Serra”, diz Santayana.

Santayana observa que São Paulo tem uma certa dificuldade de olhar para o resto do Brasil. E recomenda: “devagar com o andor”.

SEM ENTENDER

Como eu imaginava, ontem, hoje saiu ao alarde o comentário de que Serra é o vitorioso da eleição. Bom, Kassab está eleito. E qual a razão para dizer que Aécio não foi vitorioso??? É mistério que a indigência analítica das notícias ajuda a explicar. Serra venceu na capital. Aécio venceu na capital. E, embora muita gente esqueça, o PSDB tomou uma sova generalizada no país, perdendo muitas prefeituras e descendo a ladeira no total de votos conquistados. O problema é que muita gente acha que o Brasil é São Paulo.

domingo, 26 de outubro de 2008

O RECADO DAS URNAS

Acho que é dispensável falar que as análises feitas, antes ou depois dos resultados de hoje, são cabalmente informadas pela indigência intelectual, a mediocridade no escalar os argumentos e, não em poucos casos, formas travestidas de fazer campanha. Apenas para esfriar os ânimos da patotada, é prudente salientar que é pouco provável que SAIA UM RECADO DAS URNAS a informar o pleito de 2010. As linhas que teço a seguir, são informadas pela mesma preocupação que externei noutros comentários. Com sinceridade, sou profundo admirador do Governador José Serra. Tão admirador que não consigo entender a querença mal disfarçada de parte da imprensa à - ainda não confirmada - candidatura a presidente do tucano. Minha crítica não é aos feitos do governador (ou aos seus desfeitos), mas a forma sem-vergonha de alguns analisarem os resultados de hoje. É bem mais honesto declarar apoio, sem formas veladas e obscuras, e dizer que não suporta o governo de Lula. Aos argumentos.
Primeiro, é imbecil a tentativa de ler vitórias ou derrotas de Lula na eleição de hoje. Alguns dirão que Lula perdeu, outros dirão que Lula venceu. Bom, de concreto, até o momento, temos o modesto aumento do número total de votos dados ao PT e o crescimento - expressivo - de prefeituras governadas pelo PT. Façamos um exercício de imaginação (já que a imaginação anda em falta nos dias de hoje). Vá lá que a economia continue bombando, como está hoje, a despeito da crise financeira. Vá lá que, em 2010, o país esteja crescendo 6% ao ano. Provavelmente, Lula apresentará um candidato que será fortíssimo, não adianta alegar que não elegeu o prefeito de São Paulo (visto que alguns insistem no argumento insustentável de que, se Kassab se eleger, Serra é forte candidato), e continuará ostentando as altíssimas taxas de aprovação de hoje. Agora, imaginem se a crise pega o país pelo colarinho, recrudescendo o desemprego, baixando os níveis de popularidade e acirrando a cizânia. Qualquer um que empunhe uma boa bandeira oposicionista está bem cotado.
Segundo, a imprensa precisa, urgentemente, lembrar que a federação brasileira é composta por 26 unidades federadas, mais o DF. São Paulo é o maior colégio eleitoral, é fato. São Paulo não é o único Estado. Como relembrar é preciso, não esqueçamos que Lula perdeu a eleição em São Paulo, em 2006, mas continua Presidente.
Terceiro, se a eleição de hoje foi um teste para Lula, faça o seguinte jogo de aposta com os analistas: qual o candidato de oposição que ganhou o pleito atacando o presidente? Desconheço.
Quarto, o PSDB tem bons candidatos, Serra e Aécio. Tirando o susto, não esqueçamos que a aliança PT_PSDB deverá, mui provavelmente, eleger o prefeito de BH. Se eleger prefeito de capital automaticamente habilita alguém a ser presidenciável, Aécio e Serra estão emparelhados.
Quinto, mais uma vez o relembrar, é bom trazermos à baila as análises feitas no auge do mensalão, em 2005: Lula foi dado como politicamente morto...para se eleger presidente 8 meses depois!!!
Sexto, e para mostrar que nada é tão linear, Serra foi candidato em 2002 carregando o fardo da desaprovação a FHC. Mesmo assim, logrou excelente votação e, com força, foi ao segundo turno. Na época, no inverso, a prefeita de São Paulo era Marta que tinha derrotado, 2 anos antes, o candidato tucano (que governa SP). E Lula perdeu a eleição na capital. Ou seja, a forma como se pretendem alinhar os fatos não guarda qualquer possibilidade de resultados.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A cara do Rio

Interessantíssima a definição do Renato, nos comentários, sobre o Gabeira. Respondeu às inquietações e dúvidas que eu tinha. O Gabeira é a síntese do Rio. Tem que ser prefeito pois representa, numa só pessoa, tudo o que o Rio é. Um dia, evangélico, noutro, libertário guerrilheiro ateu. De quando em vez, semi nu na praia, outra vez, captando o voto dos conservadores. O Rio que é a capital cultural do país e a sede da Globo. O Rio que é o Estado mais ateu e, ao mesmo tempo, o Estado de forte presença dos evangélicos. O Rio onde se fuma maconha, na praia, como sinal da liberdade e do curtir a vida e, a quadras dali, come o fogo por causa do tráfico de coca, com traficantes, tiros e mortandade generalizada. De tudo isso, ressalto que o Rio é o Brasil, é a cara do Brasil com tudo ao mesmo tempo, no mesmo espaço, na mesma hora, na mesma pessoa.

Sobre a mp dos bancos

É incompreensível a reação DALGUNS à MP que trata da aquisição de instituições bancárias pelos bancos estatais. Ao longo da semana explorarei o assunto. Duas coisas surgem de imediato:
- por que no Brasil é ruim e nos EUA é importante?
- por que no Brasil é ruim e na Inglaterra é bom?
Para variar, o troféu chiqueiro da semana vai para a Miriam Leitão. Argumenta a astuta que a MP aumentará o risco Brasil por representar a possibilidade de estatização!!!! Pode!!!!??? E que tal o risco EUA, com a lambança feita no sistema financeiro de lá? Ao que consta, lá a aquisição de instituições financeiras, no desespero, foi vista como indispensável à credibilidade do próprio sistema. Só na imprensa oficiosa brasileira. Lástima...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Gabeira representa o quê?

Eu li o Gabeira aos dezesseis anos. Era impressionante. Eu vi o Gabeira candidato. É inquietante. O que ele tem a dizer? Não sei? Olho para o palanque, cercado de figuras díspares, e fico a perguntar qual a proposta, real e executável, de governo? Por alguns momentos, ele aparece como um ícone mal ajambrado de libertação. Junto com isso, apresenta as mais repugnantes manifestações de rebelde sem causa. O alcaide atual, Cesar Maia, o apóia. Quer dar um choque de gestão na administração (arghhh). Tomo como a maior incógnita da eleição: o que este homem fará, se eleito? O que Gabeira representa? É chique votar no Gabeira? É insurgente votar no Gabeira?

O crack nosso de cada dia

É imperioso que os Uberlandenses e os Uberlandinos tomem em alta consideração o problema do consumo de crack na cidade. A droga está dizimando a juventude dalguns bairros, transformando em zumbis a moçada. Falo como observador, de verdade, de vários processos crime nos quais tenho atuado. Mexe, vira, encontramos, de alguma maneira, as atitudes criminosas ligadas às pedras devastadoras. De tudo o que colhi, o inegável é que a droga produz um efeito gozoso inacreditável, fazendo pavimentar um caminho - quase - irreversível à dependência. Só para ilustrar, entrevista que fiz com um jovem, 21 anos, na Jacy de Assis. O rapaz era dono de uma biqueira. Mantinha o ponto de venda não porque alimentasse fortuna, poder, ou coisa que o valha. Mantinha a boca para sustentar o próprio vício. Não bastasse o cárcere, aloja nas entranhas cinco trouxas da pedra, dentro do corpo, sem defecá-las, até agora (dez dias se passaram), e com risco de morte. No passado, não tão distante, era um moço como eu, você, o seu filho, o seu vizinho. Agora, magriço, abobalhado, agradece por estar na prisão: nos dias que está lá, não consumiu a maldita.

As expressões malditas

O que vem a ser a expressão MASSA CRÍTICA? Um macarrão que passou do ponto crítico de cozimento????

O grampo escrito

Voltemos ao problema do famoso grampo escrito. Informações prestadas pelo assessor de imprensa do STF deixam a clara indicação de que Gilmar Mendes soube dos grampos pela revista Veja. Assim, e tomando em conta que a polícia federal chega à conclusão, após investigação na operadora de telefonia que presta os serviços ao STF, que o grampo não existiu, resta que o próprio Ministro nunca ouviu, nada, de gravação. Encurralando a informação preciosa, vislumbra-se um cenário grotesco, ou seja, há a forte indicação de que houve espalhafato, sem consistência.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mais para o caldeirão

(http://terramagazine.terra.com.br/)

SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Claudio Leal

Jornalista não é negociador’, critica Datena, 20/10

"No turbilhão do seqüestro das garotas Eloá e Nayara, o apresentador do programa ‘Brasil Urgente’ (Bandeirantes), José Luiz Datena, criticou no ar as entrevistas feitas por outras emissoras com o seqüestrador Lindemberg Alves, em Santo André (SP).

A Rede Record, a RedeTV! e a Rede Globo ouviram o seqüestrador, por telefone, antes da ação da polícia. Datena, da Band, afirma que teve acesso ao número de Lindemberg, mas optou por não ouvi-lo. Em entrevista a Terra Magazine, o apresentador esclarece que não fez críticas específicas a jornalistas, mas à interferência da mídia no teatro do crime. ‘(Jornalista) não é negociador. Negociador é negociador’. Expõe sua visão da cobertura:

- Uma palavra errada que você coloca, o cara pode pegar e matar alguém lá dentro. O fato de ele ter falado muito em televisão e aparecido muito em televisão pode ter prolongado o seqüestro, sim. Se o cara estava se sentindo o ‘rei do gueto’, como ele falou... Isso pode ter prolongado - diz Datena.

Para ele, a imprensa não é responsável pelo desfecho trágico. Antes de julgar os policiais, prefere esperar o resultado da perícia. Guarda, porém, uma avaliação crítica do episódio e defende que ele pode servir de lição para as próximas coberturas:

- Isso tudo pode influenciar. Não é legal. Na verdade, uma cobertura como essa serve pra todo mundo aprender: a polícia, a televisão, a imprensa. Se você isola aquele local e o cara não tem imagem de televisão, acho que a situação seria outra.

Leia a entrevista:

Terra Magazine - Por que o senhor criticou a posição da imprensa de entrevistar o seqüestrador Lindemberg?

José Luiz Datena - Eu não critiquei a opinião da imprensa, meu irmão. Critiquei o fato de terem colocado no ar... É exatamente isso que estou falando pro meu diretor agora. Critiquei o fato de, isoladamente, algumas pessoas da imprensa colocarem o sujeito, que estava sob forte pressão, com arma na cabeça de duas crianças, pra falar no ar. Primeiro que jornalista não é preparado para conversar com seqüestrador.

Não é negociador?

Não é negociador. Negociador é negociador. Não estou dizendo que o negociador da polícia cometeu erro. Se o cara que está preparado pra negociar comete erros, imagine então um sujeito que não é preparado. O cara que apresenta bem, que é bom repórter, é bom jornalista, necessariamente não é um cara preparado pra falar com um seqüestrador.

Nesses momentos, quais são os cuidados que um telejornal popular precisa tomar?

Primeiro lugar que não é telejornal popular, meu irmão. É qualquer jornal. Não foi só telejornal popular que entrevistou.

Mas, no caso, o senhor criticou o programa da Sonia Abrão.

Não foi Sonia Abrão coisa nenhuma! Eu nem sabia que ela tinha entrevistado o cara. Quem estava entrevistando era a Record. A Globo entrevistou o cara também...

Sim...

Ninguém falou de Sonia Abrão, especificamente. Eu nem estava sabendo que Sonia Abrão já tinha entrevistado o cara. É que, no meu horário, eu tinha o telefone do cara e me sugeriram falar com ele. Eu disse: ‘Não vou falar com o cara coisa nenhuma’. ‘Ah, mas a Record tá dando...’. Isso é problema da Record, não é problema meu. Não faço isso.

Isso influencia o comportamento do seqüestrador?

Não é questão de influenciar. Uma palavra errada que você coloca, o cara pode pegar e matar alguém lá dentro. O fato de ele ter falado muito em televisão e aparecido muito em televisão pode ter prolongado o seqüestro, sim. Se o cara estava se sentindo o ‘rei do gueto’, como ele falou... Isso pode ter prolongado.

A cobertura foi sensacionalista?

Não sei se foi sensacionalista, mas eu sei uma coisa: se fosse só eu que tivesse entrevistado o cara, tava todo mundo metendo o pau em mim.

Em outros os momentos, o senhor errou pra justificar esse tipo de crítica?

Quem errou?

Em coberturas anteriores, houve erros que justificassem essas críticas?

Você vai aprendendo com o tempo. Agora, não foi a imprensa a principal culpada pelo cara ter matado. Aliás, temos que esperar a perícia, pra ver realmente quem atirou. Não foi a imprensa a culpada disso tudo. Eu critiquei algumas pessoas que também não são as culpadas, do meu ponto de vista. Acho que não é legal fazer isso. É minha opinião.

O senhor disse que tinha o telefone do seqüestrador e optou por não ligar, é isso?

Optei por não entrevistá-lo.

Avaliou que isso prejudicaria as negociações?

É... Mas não estou dizendo que a imprensa foi a culpada ou essas pessoas. Nem sabia que Sonia Abrão tinha entrevistado! Até falei isso no programa de sexta-feira. Não sei por que a Sonia Abrão tá metendo o pau em mim. Não falei o nome dela. Mesmo porque sempre tive ela em alta consideração.

E falou isso no ar.

Nem sabia que era ela. É que o sujeito estava dando uma entrevista, não sei se era gravada ou não, pro telejornal da Record. Todo mundo me critica - ‘Ah, o cara faz entrevista sensacionalista...’ - e eu não coloquei o cara no ar. Acho que fui o único da televisão que não colocou. Não quero dizer que eles foram responsáveis pela tragédia que aconteceu.

Mas não cria um ambiente, em torno do seqüestro, que prejudica a negociação da polícia?

Você não viu? O cara falou que era o ‘rei do gueto’. Aparecendo em tudo que é televisão... O fato de a menina ter voltado pra lá também. Sei lá por que ela voltou pra lá, entendeu?

Isso está em outra esfera?

Pode ser a mesma também. Porque ela estava aparecendo na televisão. Isso tudo pode influenciar. Não é legal. Na verdade, uma cobertura como essa serve pra todo mundo aprender: a polícia, a televisão, a imprensa. Se você isola aquele local e o cara não tem imagem de televisão, acho que a situação seria outra. Mas não foi o fator fundamental que propiciou a tragédia. Mesmo porque não foi ninguém da imprensa que foi resgatar as meninas. Outra coisa: falam aí que a polícia americana acha que houve falhas... Qual foi a maior falha de segurança em termos de história contemporânea?

O 11 de Setembro?

Ué! Os caras enfiaram dois aviões dentro daquelas Torres Gêmeas e mais uma avião na casa de guerra dos americanos, na maior potência do mundo. Não souberam como agir na hora. Quem são eles pra ficarem criticando a ação da polícia brasileira? Deviam olhar para o próprio quintal. O mais lamentável em tudo isso foi o desfecho. Ninguém queria que isso acontecesse. Não sei se você concorda comigo, mas é minha opinião.

Nenhuma crítica específica?

Não é específica. É minha opinião. Sempre dei minha opinião. E não gostei quando disseram: ‘Ah, Datena criticou os colegas...’ Não critiquei colegas.

Há problema em criticar colegas? Não seria corporativismo evitar fazer críticas?

Todo mundo me critica. Eu critiquei quem colocou as entrevistas no ar. E, naquela hora, era uma crítica específica ao ‘Jornal da Record’, que estava colocando o cara no ar. Me disseram: ‘A Record tá colocando o cara...’ Não coloquei. O cara está seqüestrando... Bandido não fala através de televisão, não fala através de jornal. Fala através de advogados, da justiça."

TELEVISÃO
Márcio Alemão

Respeito? Como assim?, 20/10

"A mulher filé estava no Super Pop. Escrevi em letras minúsculas porque acho que se trata de um adjetivo e não um nome próprio. E tal qual a amiguinha melancia só soube fazer, exibiu seus bizarros predicados que devem encantar a igualmente bizarros cidadãos de gosto duvidoso. A certa altura, o rapaz que a acompanha passa um cartão de crédito entre as nádegas da moça. E ela o segura.

Impressiona-me sobremaneira que isso aconteça em um programa comandado por uma mulher. É evidente que sabemos que talvez não chegue a ser um COMANDO. Ainda assim, um programa apresentado por uma mulher que deveria pensar... ôpa! de quem eu penso estar falando? Ainda assim, mulheres deveriam ser mais respeitadas e outras deveriam se dar mais ao respeito.

E esse programa tem anunciantes. Isso é o que mais assusta. Ângela Bismark também esteve lá dizendo que irá fazer uma operação para voltar a ser virgem. Esse desejo da Ângela é antigo. Não cheguei a entender se ela fez a tal cirurgia ou ainda está simplesmente alardeando.

O alardear, no caso, é de fundamental importância. A modelo, ao ser questionada por um dos participantes que alegava não ser boa idéia divulgar a tal cirurgia, considerando ser a mesma delicada e nem sempre possível de ser realizada, deixou claro que isso está praticamente fora de seu controle porque a mídia internacional o tempo todo quer saber o que está acontecendo com ela.

E é verdade, gente. Mesmo nesses tempos de crise no mundo, é só zapear para dar de cara com alguma notícia sobre a Ângela ou com alguma pergunta sobre ela. Não se fala outra coisa na mídia internacional. Madonna estaria fortemente interessada no assunto e não vê a hora de chegar ao Brasil para trocar idéias com a modelo que já fez mais de 40 cirurgias plásticas. Por trás desse papo existe uma armação mercadológica. Dizem que ela, Madonna estaria armando o relançamento de seu segundo álbum, o Like a Virgin, que aconteceria logo após sua separação oficial.

Também passei pelo Brothers, do Supla e João. Vi pouca coisa. Vi uma tentativa tola de ser Chacrinha; vi, como sempre, a grande mercadoria de todos os programas de auditório: mulheres gostosas ‘dançando’. E vi um quadro daqueles que se encaixa na categoria ‘CTA’ -­ Constrangimento Total e Absoluto.

‘O que você faria por 10 contos?’ No centro da cidade, pobres cidadãos pobres sob muitos aspectos, escolhiam uma opção imbecil entre três cretinas para se submeter. Humilhar pessoas simples não é engraçado. Respeito é uma palavra meio perdida na nossa TV."

Mas nem tudo são rosas...

Entusiasmo generalizado com o - quase novo - presidente Obama. Mantenho as barbas de molho lembrando que um dos conselheiros é Paul Volcker (na área econômica). Aqui no Brasil já sairam algumas críticas de elogio. Eu prefiro lembrar da violenta política de juros do FED, de pura criação volckeriana, no início dos anos 80. Ela quebrou o Brasil. Ela quebrou a América Latina. Ele afundou o mundo numa recessão cavalar. HUM....cuidado...há um morcego na porta principal (da canção sobre o homem-morcego).

Surpresas no front estadunidense

Colin Powell, republicano, secretário dos Bush, pai e filho, surpreendeu ao declarar voto no democrata Obama. Do jeito que as coisas vão, não sobrará muito ao sr. candidato republicano.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Constituição da Bolívia

Atenção!!!! Consulta popular sobre a - nova - Constituição boliviana deve ser convocada esta semana. É esplêndido para os estudos de direito constitucional.

Será??? Extraído do PHA

APRESENTADOR DA RECORD PODERIA RESOLVER O SEQÜESTRO? O QUE DIZ SERRA?

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 2030

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

. O seqüestrador de Santo André disse que se entregaria, com as duas moças, se a Polícia aceitasse uma exigência: divulgar uma carta do Promotor, em que ele se comprometia a pedir uma pena leve, por entender que o seqüestrador vivia uma situação difícil.

. A exigência incluía que a divulgação da carta fosse feita através do apresentador da Rede Record, Reinaldo Gottino, que cobriu o seqüestro desde o primeiro momento.

. Gottino entrou em contato com os comandantes da PM na operação – Ricardo e Felix – e os dois concordaram: Gottino podia ler a carta do Promotor, porque isso poderia levar ao fim do seqüestro.

. A repórter da Record Letícia Gil, de fato, leu a carta do promotor, em primeira mão, naquela tarde de sexta-feira trágica.

. A partir de agora, passo a divulgar informações NÃO confirmadas, mas de fontes em que confio:

. O seqüestrador teria dito aos policiais que, lida a carta, ele se entregaria.

. O seqüestrador, porém, disse que só se entregaria se o Gottino saísse com ele e as moças do apartamento.

. Os comandantes da operação consultaram o Governador José Serra.

. José Serra disse que não aceitava aquela condição.

. O Conversa Afiada espera que o Governo do Estado esclareça se, de fato, uma equipe da Record – e não da Globo - poderia ter dado fim ao seqüestro.

. E se fosse uma equipe da Globo ?

. Essa é uma das questões sinistras que ficam em suspenso, nessa incompetente tentativa da PM de São Paulo de resolver um seqüestro: como é que se deixa um seqüestrador acompanhar dentro do apartamento o que as emissoras de televisão dizem dele, do lado de fora ?

domingo, 19 de outubro de 2008

Refletir...o direito político

No Rio, o 1/3 dos eleitores anulou ou embranqueceu o voto. Em Floripa, o contingente de nulos e brancos, no segundo turno, promete ser cavalar. Há a necessidade de repensar alguns pontos tabus ou esquecidos do direito político brasileiro:
- a possibilidade da candidatura independente, sem partido;
- a formulação parlamentar de governo.

Ponderar e avaliar....critica...sempre

Houve uma vez, num país distante e fabuloso, o caso de um governante que foi acusado, à exaustão, de incompetência administrativa e, nalguns casos, a incompetência chegou mesmo a ser associada à práticas homicidas. Diziam que ele era o responsável por um aeroplano ter explodido após a aterrissagem, matando muitas pessoas. De concreto, pouco havia, já que o tempo mostrou que o problema era da empresa transportadora e de má conservação da aeronave (nas gangorras das fofocas, tudo surgiu, até mesmo o problema de ranhuras na pista do aeródromo).
Passados alguns meses, um outro governante passou ileso aos vários problemas administrativos do seu governar. E, olha, não eram poucos: polícia em gládio na rua, polícia que não consegue reprimir sequestrador, metrô que sufoca as pessoas em desumana aglomeração. Não houve problema pois ele era o escolhido dos arautos.
Agora, sem fábulas, aos fatos. Considero José Serra um excelente administrador, político honesto e uma pessoa que reúne condições de governar o Brasil. Tantas condições quantas as do atual Presidente, Lula. O que eu não consigo entender é a seleção (que não é a seleção natural) da cobertura midiática. Vocês imaginaram se o Lula fosse o governador de São Paulo e enfrentasse os mesmíssimos problemas de Serra:
- o metrô está pela hora da morte, com superlotação e esmagamento no horário de pico (ninguém falou de caos do metropolitano);
- a polícia civil com mais de mês de greve, em pau armado contra a polícia militar (o querido constitucionalista José Afonso da Silva criticou isto, como ex-secretário de estado da segurança);
- a maior corporação policial do país não sabe enfrentar situações de rendição de vítimas ao cárcere por um sequestrador (olhem a tragédia de Santo André).
Definitivamente, há uns trinta e dois pesos para cada medida.

Interessantíssimo, extraído do blog do Argemiro Ferreira

Reflexões sobre o candidato diferente

Ao lado, Obama abraça abraça os avós que ajudaram a criá-lo, na formatura da high school, no Havaí. As fotos da infância e juventude, que ilustram este post, ajudam a entender sua singularidade na geografia racial. Mãe e avós brancos, do Kansas, formação no Havaí, atividades escolares e esportivas, o único encontro com o pai depois do divórcio da mãe, na praia com o avô, a visita ao seu lado africano

A queixa de que Barack Obama não é suficientemente duro ao reagir a acusações e agressões - em suma, à sórdida campanha difamatória dos adversários - persegue o candidato desde as primárias. Um leitor sugeriu até que ele devia buscar subsídios no website de Noam Chomsky. Mas Obama, ao contrário, pode ter sobrevivido tão bem aos ataques de antes e de agora exatamente por causa da serenidade e da elegância com que os enfrenta.

O democrata poderia, sim, partir para ofensiva dura, igualando os ataques recebidos e expondo verdades devastadoras sobre a injustiça do sistema. Há munição farta. Mas na sociedade americana, isso o deslocaria da faixa dos candidatos reais à presidência, com chance de chegar à Casa Branca, para a dos meramente simbólicos - como o corajoso Ralph Nader, herói legítimo dos consumidores e, por isso, rotulado de impatriota apesar da larga folha de serviços ao país na segunda metade do século passado.

Nader contesta o próprio sistema, devassa o poder, os lobbies e a corrupção das grandes corporações cujos executivos roubam o país, o acionista, o contribuinte e o consumidor. Apesar de respeitado por estudiosos sérios que conhecem sua trajetória - desde a primeira denúncia dos crimes da indústria automobilística, antes de ampliar a luta, inspirar e mobilizar organizações e ativistas - está hoje transformado em vilão e empurrado para a condição de marginal extremista.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

fenomenal...e viva o bem público de uso comum

Esta, no caderno cotidiano, Folha de São Paulo. No litoral paulista, decisão em ação civil pública determina que alguns nababos, de hotéis e condomínios de luxo, deixem de reservar a areia da praia, em frente aos prédios, respeitando o que é de uso comum do povo. O que estava acontecendo é o seguinte: os nababos pagavam seguranças para, às 5 da matina, instalarem guarda-sóis, cadeiras e mesinhas, reservando faixas d´areia da praia. Como julgavam conveniente, proibiam o populacho de usar as áreas reservadas. O incrível é que um sujeito, que se identifica como advogado, presta opinião às páginas do jornal, considerando um verdadeiro absurdo a decisão. O argumento é que o poder público tem outras coisas a cuidar, segurança, saúde...que deixe a praia reservada (para ele, é claro). Certamente faltou às aulas de direito civil e de direito administrativo....por isso, desconhece o que seja bem público de uso comum.

Por onde andas.....

Pessoal, onde está a capa da Veja de duas semanas atrás que anunciou, peremptoriamente, que os EUA salvariam o mundo?

Colossal...viva o Alexandre Garcia

O Bom dia Brasil começou bombástico: denunciaria o jeitão brasileiro das coisas não funcionarem. O Bom dia denunciaria as mamatas brasileiras. Fiquei atento, esperei. Mais ou menos sete e trinta, entram a Zileide minha lente de contato está desajustada Silva e o Alexandre Garcia para mostrarem, tchan, tchan, a colisão automobilística patrocinada pelo filho do embaixador do Paraguai em Brasília!!!!!!!!!! O guri estava bêbado. Conclusão: como é coberto pela imunidade diplomática, não pode ser demandado na esfera penal. O pior estava por acontecer. Alexandre Garcia, tal qual um tribuno da verdade, infalível, brande que é um absurdo A IMPUNIDADE NO BRASIL. SOCORRO!!! E veio coisa pior: A IMPUNIDADE NO BRASIL estava associada à imunidade diplomática e à imunidade parlamentar. DUAS VEZES, SOCORRO!!!!!!!!
1.
É conveniente lembrar que a imunidade diplomática, no Brasil, assim como em todo o mundo que se conhece, decorre de documento de direito internacional, do qual o país é signatário (assim como os EUA, a Islândia, o Canadá e, é óbvio, o Paraguai). Fiquei por entender o que os bravos moralistas apresentadores querem? Talvez seja fazer com que o Brasil denuncie o documento de direito internacional para acabar com a nossa participação nesta elementar norma de direito internacional.
2. O que isto tem a ver com imunidade parlamentar????? É de todo recomendável lembrar aos moralistas globais que a inviolabilidade parlamentar, tal qual consagrada no direito brasileiro, restringe-se aos atos funcionais dos membros do parlamento. Não há possibilidade de se invocar tal prerrogativa para escudar-se de sanções administrativas (como uma multa de trânsito) e mesmo da promoção da ação penal. E a mais intrigante de todas as questões: o que isto tem a ver com a matéria veiculada e com a imunidade diplomática????
Realmente, a capacidade de dizer bobagens é imensurável.