Do Estadão
Gravação isenta juiz de briga com STF
Felipe Recondo
A gravação integral das três horas de reunião da Polícia Federal após a Operação Satiagraha revela que o juiz Fausto Martin De Sanctis não quis afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) ao mandar prender pela segunda vez o banqueiro Daniel Dantas. Ao contrário, a decretação da prisão preventiva, tomada como um desrespeito pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, foi resultado de uma verdadeira operação de guerra montada por agentes da PF na tentativa de convencer De Sanctis de que havia provas suficientes contra Dantas. (...)
O vazador de informações
O deputado Raul Jungmann entregou hoje "oficialmente" (a expressão é do STF) a fita com o áudio da tal reunião do Protógenes ao Gilmar Mendes. Onde Jungmann conseguiu o áudio (juntado num processo sigiloso), se o requerimento nesse sentido, que não é dele, ainda depende de aprovação pela CPI?
Na TV Globo, em Brasília, há um evidente mal estar entre os repórteres, pelo fato de estarem comendo na mão de Jungmann. Como, em televisão, o repórter não tem muitas fontes - já que as fontes são acertadas pela produção, seguindo as pautas - vários deles estão procurando jornalistas isentos, que cobrem o setor, solicitando mais nomes para poderem consultar.
A mídia está quase se dando conta de que já virou o fio, que está se desmoralizando perante o público, que está criando o maior racha com a opinião pública na história contemporânea do jornalismo. Está quase se dando conta, mas ainda não caiu de todo a ficha de que o desgaste da Globo com as diretas, nos anos 80, é café pequeno, perto do que está ocorrendo nesse momento.
A manutenção de fontes abaixo de qualquer suspeita, como o deputado Raul Jungmann, apenas aprofundará esse fosso. Os repórteres estão tendo mais respeito pelas empresas do que as próprias chefias.
Hoje tem marmelada?Da Folha Online
Defesa de Dantas pede novo depoimento de Protógenes e adia fim de processo
THIAGO FARIA
O advogado do banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, pediu nesta quarta-feira ao juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, o acesso à gravação da reunião na superintendência da Polícia Federal, que decidiu pelo afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha.
O pedido da defesa de Dantas adiou, assim, o fim do processo contra o banqueiro na 6ª Vara Criminal, que poderia acontecer hoje com a entrega das alegações finais por parte dos acusados.
Para Machado, o conteúdo da reunião influencia diretamente no desenrolar do processo contra seu cliente, acusado de corrupção.
Comentário
É até monótono, de tão previsível. Alguém ligado a Dantas vaza o áudio - no caso, Raul Jungmann. Veja, militante, e Globo, diletante, repercurtem. Com interpretações incorretas sobre o conteúdo para "esquentá-lo". E os advogados de Daniel Dantas se valem das matérias para postergar a sentença.
Surpresa: ninguém percebeu nada! Só a blogosfera inteira, mais as torcidas do Flamengo e do Corinthians.
Comentário 2
Foi barriga da Folha. Não houve adiamento coisa nenhum, segundo acabo de ser informado. Houve a audiência, os advogados entregaram as alegações finais, assim como o Ministério Público. O juiz De Santis tem, dez dias para dar a sentença. O que os advogados de Dantas fizeram foi um requerimento, solicitando esse novo interrogatório do Protógenes. O juiz poderá conceder ou não.
O Paulo que não era Lacerda Na conversa com seus chefes, o delegado deixa claro que o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, ex-dirigente da Polícia Federal e exchefe de Protógenes Queiroz, teve participação direta e ativa na condução do inquérito até a etapa final, a fase de prisões de suspeitos. No dia das prisões, por exemplo, Lacerda trabalhou na sede paulista da Polícia Federal. Ele orientou o delegado até em detalhes como não comparecer ao prédio da polícia na véspera das prisões, para evitar suspeitas e eventual vazamento de informações. Um dos chefes de Protógenes Queiroz não escondia a surpresa. E indagou a respeito de uma informação divulgada pela revista “Veja” sobre a parceria de espionagem entre a Polícia Federal e a Abin: — Tinha agentes da Abin trabalhando conosco? — quis saber o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado. Comentário O jornal recebeu o material editado das mãos do deputado Raul Jungman. O "Paulo" que aparece nas gravações não é Paulo Lacerda, mas Paulo de Tarso Teixeira, diretor de Combate a Crimes Financeiros da PF, com que Protógenes teve discussões muito duras, e a quem se negou a passar detalhes da Satiagraha por medo de ocorrer vazamentos. O Globo soube ontem da barriga, mas optou pelo silêncio. Com a íntegra da gravação, cai por terra a versão de que Protógenes teria admitido grampo no Supremo. Aguardam-se as devidas correções. Por Raphael Nascimento Nassif, acabei de entrar na internet e não sei se alguém já citou o que vou falar. Ontem escutei todos os 3 trechos divulgados no blog no Noblat. Na primeiro áudio, percebe-se claramente um corte no trecho entre 44:43 e 44:45. No terceiro áudio, dá pra ver também que houve corte no trecho entre 36:52 e 36:54. Quem quiser é só conferir. Concluindo, ainda não temos o áudio completo da reunião nem um mísero segundo do áudio do grampo no STF. O Jungman está desempenhando um papel deplorável.
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